sábado, 9 de agosto de 2008

em outra cor

sabe o que eu sei desta vida?
que eu passarei

meu corpo efêmero
como um dia chuvoso
turbulência incessante
não dura pra sempre

enquanto a dor incide
na alma calejada
e o ferro queima
com a palavra guardada

o meu escudo absorve
e não me deixa esquecer

mas ainda assim
as folham caem
e sol nasce outra vez
as mágoas se renovam
e voltam outra vez
em outra cor

e mais uma vez
eu já não sou mais

incapaz (sombras de uma utopia)

incapaz de acreditar nos sonhos
por que eles mentem para mim
e doem mais que a dor que mata
vêm a tona com uma lágrima
e me acertam por trás

eu não tenho tanta força
de levantar, acreditar
e sonhar em paz
o futuro almejado
persegue o meu presente
alvejado

sombras de uma utopia
letargia do amanhecer
incapaz de me mover
acorrentado à descrença

justo aqui (a saída)

por que que eu sempre tive
que te procurar
além de onde eu posso alcançar
e os olhos enxergar

e por que você sempre
esteve bem aqui
e eu que nunca posso
te encontrar
reconhecer você

sempre procurei
entre outros rostos
mas nunca enxerguei
o que sempre sonhei
está em você
justo aqui

sempre eu busquei
por tantas respostas
e ainda acreditei
que eu não sou ninguém
mas você vem
pra me acordar

a vida inteira estive
no mesmo lugar
e só agora eu vejo a saída
no mesmo lugar

sábado, 21 de junho de 2008

eu não me importo mais

ando procurando
algo para me apegar
alguma direção
que me leve a seguir

e enquanto eu esperar
algum motivo pra viver
eu não vou levantar
e a minha vida vai passar
por mim

eu não me importo mais
mas mesmo assim
vou ficar aqui
pra ver o sol nascer
esperando ainda você

toda a minha vida
e tudo que eu tive
nada fez sentido
pois eu não tinha você

só agora eu vejo
que o mundo é maior
o motivo sempre esteve
bem à frente
e eu não quis perceber

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

pedras

eu não tenho medo de acordar
me olhar no espelho
e pensar que hoje
eu não tô muito bem
 
e eu não tenho medo de errar
e tentar de novo
até eu conseguir
mudar essa minha vida
 
eu não desisto tão fácil
o que ainda não sei
me faz continuar
seguindo em frente
sem hesitar olhar pra trás
sem me arrepender
tentando aprender com o que passou
 
e eu sou mesmo assim
não tento fugir do meu caminho
não pulo as pedras
eu sou predisposta
a tempestades como essa
 
são tantas pedras no meu caminho
à noite chove
faz tanto frio
meus pés sangram muito
e eu tenho sede
mas não tenho medo de tropeçar

novos dias

eu já estive muito perto do fim
e eu não me entreguei
não me vendi
e ainda não desisti
de encontrar o meu lugar
ao qual eu sempre pertenci
 
ainda luto por aqui
e cumpro tal missão
mas longe disso tudo
esperam por mim
 
e é mesmo assim
novos dias vêm
não sou o mesmo
e posso sentir
o mundo girar
e eu num lugar
onde eu não sou ninguém
 
novos dias trazem
outros novos tempos
uma nova chance
de ver passar o tempo
sem medo de esperar
essa tal hora chegar
 
depois que eu encontrar
o que ainda nem sei
que devo aprender
pra me redimir
de tudo que eu fiz
em mim

fogueiras e tochas

no escuro eu ouço vozes
que falam comigo
e não estou mais só
eu tento encontrar o caminho
e ainda tento me levantar
apenas em vão
 
e mesmo assim
já não tenho medo
e abro meus olhos
eu posso ver
os outros ao meu redor
que parecem celebrar
 
rompem as trevas
fogueiras e tochas
como heranças de um tempo
já tão esquecido
mas sempre volta alguém
para nos lembrar
do que somos
 
encontra então o homem
seus mais antigos ancestrais
em mesmo estado da matéria
já era tarde demais
 
chegado fim dos tempos
anuncia o voraz
e percebam então agora
que a festa só vai começar
 
sombras e sangue
me perseguem no caminho
enquanto que as vozes
agora surdam meus ouvidos
 
e eu não tenho tempo
de apenas desistir
nunca foi a minha escolha
mas eu já vivo aqui

covardia

a vida inteira
eu só quis um dia
poder olhar pra trás
e ver que valeu a pena
tanta falta de coragem
direi até covardia
de continuar existindo
no mundo dos humanos
e tudo mais
que não me diz respeito
 
enquanto que a vida aqui
já não era mais
enquanto o mundo todo
parecia conspirar
e me desafiar
a permanecer nesse lugar
 
em meio a toda seca e tempestade
em meio à neblina e escuridão
eu caminhava somente só
enquanto duvidava de tudo
que eu pudesse acreditar
 
e a minha vida
só era o motivo de não viver
e as minhas esperanças
por vezes morreram
por falta de chão
de sol e de ar
nas vezes que eu também não respirei
 
e a vida inteira
eu me pus a sonhar
mas nunca pude acreditar
enquanto lia nas placas
que indicavam sempre
a outra direção
 
mesmo assim eu não dei a volta
pois fazia o meu caminho
onde eu posso encontrar
somente a minha própria inscrição
 
agora eu continuo aqui
e ainda espero pelo dia

não ser

já não posso mais
ser tanto
e apenas não ser
estou presa em um corpo
eu sei, que nunca vai me caber
talvez eu mesma
que escolhi assim
mas também não sou capaz
de me lembrar
ao menos do porquê
 
minhas limitações me amputam
os braços, as pernas
e também a minha voz
e ainda hoje eu também não posso
fugir da cela
em que um dia eu me tranquei
 
ainda só espero pela resposta
que possa me fazer levantar
pois preciso ainda entender
o que me trouxe até aqui

eu apenas estou aqui
tudo o que me alegra
me deixa sempre triste
por simplesmente
não poder ser mais
e não poder ser parte disso tudo
 
os meus sonhos doem
e a minha vida inteira
não faz sentido
como o sol não aparece à noite
assim como o meu mundo não me aceita
 
acho que tenho deixado
fraturas em minha alma
pela existência nesse corpo
e realmente eu não tenho paciência
eu já vi céus caírem
num mesmo lugar

em silêncio

eu bem sei
que não tenho ainda
os 32 dentes
mas nem por isso
a vida nunca me pareceu mais fácil
 
e ainda hoje
eu não sou capaz
de cantar toda mágoa
que há dentro de mim
toda imperfeição
que parece não ter mais fim
 
sou apenas mais uma resposta do mundo
que sangra
que berra em silêncio
por algum socorro
você pode me ouvir?
 
tem mais alguém aqui
e eu já não quero mais
ficar assim tão só
mesmo que quase sempre
seja tudo que somente preciso
 
onde esteve a noite inteira
quando mais choveu?
eu procurei por alguém
eu fui capaz de chamar
e só há uma maneira então
de poder gritar mais alto
 
e eu já não espero por ninguém
eu apenas sempre soube
o que devia fazer

vozes

eu vou andando pela rua
e não vejo ninguém
eu ouço vozes
mas não sei de onde elas vêm
elas são todas iguais
e tentam me anular
mas eu não vou me calar
enquanto eu tiver algo pra dizer
enquanto estiver aqui
 
eu não sou desse mundo
eu não pertenço a ninguém daqui
e não desisto dessa vez
eu não vou me intimidar
discursos levianos
não podem me comprar
e uma bela fachada
não me convida a entrar
 
ainda espero pela resposta
que ninguém pode me dar
eu espero no escuro
mas sempre vejo amanhecer
um velho sábio
sempre está só
no meio de uma rua
que não leva nunca a lugar nenhum
 
mas essas vozes ainda insistem
em me perseguir
pra onde quer que eu vá
e pelo senso comum
não me deixo influenciar
eu não sou daqui

uma resposta

hoje eu só queria voar
se tivesse asas
pra algum outro lugar
numa nova dimensão
na freqüência em que existo
 
mas eu só queria me libertar
e me lançar no escuro
e ser capaz de encontrar
as chaves que me prendem
sempre a este mesmo lugar
 
nunca busquei o caminho mais curto
nem a forma mais fácil
não me comprei anestesias
porque sei que no fundo
qualquer dor é boa
e sei que me faz bem
estar nem sempre muito bem
 
e eu até entendo sua hesitação
diante de toda essa incerteza
mas esse bem que você me quer
não me faz nada bem
 
e sei como é difícil entender
que eu não sou
tudo o que você sonhou
mas ainda me esforço
pra seguir meus sonhos
porque todo esse lugar
se tornou pequeno demais
pra tudo que eu já sou

sobre tudo

e eu tive pensando em tudo
tudo que eu nem sei
tudo que nunca pensei
e posso até jurar
que eu pensei em você
porque pensei sobre o amor
o que me faz viver
meu coração bater
 
pensei sobre o vazio
que existe em mim
a falta de um tudo
de coisa alguma
a ausência de alguém
a vontade que eu tenho
de não acordar
e tentar me livrar de tudo
que um dia eu mereci
 
pensei sobre esse mundo
a minha estada
e a minha estrada
e tudo que tenho feito
e tudo que eu deixei de fazer
 
os sorrisos que neguei
as pedras que plantei
os sonhos de que desisti
e eu pensei sobre mim
 
sobre o que eu sou
e tudo que eu já sei
e mesmo assim não sei
mas eu pensei em você
porque pensei sobre o amor
sobre esse alguém
que nunca vai chegar
nunca vai existir
e pensei sobre o vazio
que existe dentro de mim

só um

e eu continuo escolhendo os caminhos
que não levam a nenhum lugar
eu tento me levar
mas não me levo por vocês
 
se estamos todos no mesmo barco
eu não estou com vocês
eu nado contra a corrente
mas a favor do sol
 
vocês pertencem ao agora
mas não têm futuro algum
quando cair de moda
essa onda de ser mais um
 
e eu sou só mais um
eu sou um
mas não sou como vocês
não sou mais um
 
no lugar de onde venho
cada um é só um
mas é parte de um tudo
que não pertence a nenhum
 
vocês dominam todo o mundo
mas não conhecem esse mundo
aquém do próprio nariz
vocês não sabem nem quem são

vagas palavras

às vezes, tenho certeza
que amontoados de palavras
nunca dizem realmente
o que queremos dizer
e o que sentimos
 
mas também penso
que as palavras escritas
constituem a melhor forma
de expressar nossos sentimentos
ou, pelos menos, dar uma idéia
do que queremos passar
 
as palavras, por vezes
podem nos trair
nos abandonar
nos desmoralizar
 
às vezes, também
conseguimos fazer das palavras
nossas aliadas
transmitindo os nossos
sentimentos mais íntimos
 
e era isto que eu mais queria
usar a palavra a meu favor
e fazer-me entender
 
tentar dizer um pouco
o que eu não sei falar
no mínimo, demonstrar
que existem pessoas
muito importantes pra mim
e algumas delas
nem sabem o quanto
 
queria ter o dom
de traduzir meus pensamentos
em oraçoes e períodos
mas, às vezes
são tão vagos
tão complexos
 
que nem eu me entendo
e como poderia então
fazer alguém entender-me?

eu não preciso

eu sempre perguntei
pelo sentido da vida
mas só agora entendo
que nunca quis tal resposta
de ninguém além de mim
 
nunca quis a resposta fácil
simples e direta
que eu tanto implorei
eu não preciso disso
 
não quero que me diga
o que devo fazer
nem me aponte a direção
só eu posso saber
o que é melhor pra mim
ninguém é capaz
de fazer a minha escolha
 
eu odeio surpresas
devo estar sempre
no controle da minha vida
e realmente preciso disso
 
você consegue ver agora?
é só isso que eu tento dizer
não preciso me justificar
nem pedir o teu perdão
 
então, vá logo embora
por favor, tranque essa porta
e me deixe em paz
mas não me deixe aqui
às vezes, eu não me basto
ainda posso enlouquecer
eu continuo pensando assim

Olá!

Seja bem-vindo...
 
 
Criei este blog para publicar algumas coisas que escrevo...
Portanto, não tenho a intenção de postar diariamente ou com alguma periodicidade...
Irei atualizando à medida que eu for escrevendo coisas novas...
 
Bom, não chamaria o que escrevo de poesias...
Diria que são alguns pensamentos em verso...
Algo mais próximo de letras de música...
Alguns já têm até melodia...
 
Às vezes, utilizarei o campo de comentários para explicar ou comentar algum texto postado...
 
 
Até mais,
 
Clara.